domingo, janeiro 16, 2005

A falência do regime republicano

O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, fez as pazes com a sua família política ao dissolver a Assembleia Legislativa, conduzindo com isso à demissão do governo, à convocação de eleições antecipadas, à paragem de Portugal.

Dois dias antes do fim do ano, com a cumplicidade do Expresso, quis que se soubesse o que iria dizer no discurso do dia de Ano Novo, numa iniciativa de press-release que pouco ou nada tem de sentido de estado, com o objectivo de preparar as hostes sobre o que iria ser a essência do referido discurso: o apelo a um pacto de regime entre o PS e o PSD. No entanto, poucos dias depois do discurso de Ano Novo, num programa televisivo (Expresso da Meia Noite) sugere a urgência da revisão do sistema político mandando com isso às malvas todo e qualquer possível pacto de regime antes das eleições.

Entretanto o jornal Expresso continua a fazer o que pode pela campanha socialista, pressagiando-lhe maiorias incontestáveis, futuros risonhos enquanto se esmera no esmagamento sem piedade do governo dos quatro meses. E porquê ? Porque aproveitando-se da clivagem que existe dentro do PSD toma inequívocamente o partido dos que preferem a derrota do partido nestas legislativas para depois consagrarem Cavaco Silva nas presidenciais de 2006. Tão simples como isto. E a que preço também. Todas as reformas iniciadas pelo governo de Santana Lopes correm o risco de ficar adiadas para sempre se o PS ganhar as próximas eleições legislativas. Por outro lado Cavaco, o mastigador, será o Presidente em 2006 se isso acontecer. A frágil economia portuguesa não pode continuar a ficar permanentemente refém destes jogos políticos, sendo constantemente prejudicada à conta das ambições “académicas” de meia dúzia de políticos de pacotilha sem escrúpulos que, quando tiveram o poder se limitaram a usufruí-lo em vez de exercê-lo. Porque é que não se procedeu à consolidação orçamental nos governos de António Guterres quando tudo teria sido mais fácil? Porque se preferiu estafar dinheiro e recursos em vez de acautelar o futuro. Cavaco Silva foi 1º Ministro durante 10 anos e nunca teve coragem para mexer na lei do arrendamento. Porquê?
Porque preferiu continuar a assistir ao endividamento constante e crescente das jovens famílias portuguesas enquanto os Bancos, que são na realidade os grandes senhorios deste país, auferiam chorudos lucros pelos empréstimos concedidos beneficiando ainda de taxas de IRC anedóticas. O Partido Socialista manteve tudo na mesma. Esta é a realidade que o Partido Socialista e alguns barões do PSD não querem ver alterada. Barões que preferem ver o próprio partido a perder eleições do que reconhecer o mérito governativo de uma nova geração que não só tem projectos de desenvolvimento concretos como também tem a coragem política de os levar a bom termo. Coisa que eles nunca conseguiram.

E o Presidente da República o que é que faz ? Faz aquilo que todo e qualquer Chefe de Estado de uma República faz: zela pelo interesse de alguns em prejuízo do interesse de todos. Zela pela família socialista e despreza Portugal. O Chefe de Estado tem que ser suprapartidário. O Chefe de Estado tem que ser o Rei. Só assim teremos a quem pedir responsabilidades pelo que sucede com o nosso país. Não a um Presidente da República, qualquer que ele seja, eleito por um ou outro partido político e que, cínicamente, se auto-intitula Presidente de todos os portugueses, optando pela desestabilização face à consolidação económica e estabilidade política. Não a um chefe de Estado a prazo, e com fim de mandato à vista.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estrangeiro, como já se sabe; exilado de uma nacionalidade mais do que de uma nação porque, por enquanto, disso ainda não se trata; mas residente na Suécia... mais especificamente em Estocolomo, este texto deixa-me sem saber o que dizer. Leio um parecer que há muito me parecia e não posso dizer que possa estar satisfeito por possuir qualquer razão. A minha infância foi passada no idílio do Minho e depois ausentei-me até aos 26 anos e a partir de aí as minhas ausências deste país tornaram-se constantes.O desejo de voltar foi diminuindo e cada vez mais assento-me em Estocolmo vendo Portugal de longe... observando se ainda sobrará tempo de vida para ver os portugueses triunfantes desta cegada toda. Caramba não pode ser só sol... mas mesmo o sol se perde. Bom, já me alarguei demais.

Yochanan Haiash D'Affonseca
krark_org@netcabo.pt
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