terça-feira, maio 03, 2005

Divagações II

Esta história dos blogs acaba sempre por fazer com que mais tarde ou mais cedo, quem tem blogs fale disso. Dos blogs, claro. O Abrupto, por exemplo, faz dois anos depois de depois de amanhã. Quem diria ? Quando penso no Abrupto tenho a ideia que é estabelecimento para estar a comemorar dez anos.
Além de ser o blog mais citado e publicitado cá do Reino, deve a sua imensa fama a quê? A isso mesmo: ao facto de ser o blog mais citado e publicitado. Conteúdo? Nicles. Controverso ? Tanto como a polémica que pode despertar um elefante a ressonar.
Até o espírito Diário Popular dos Pequeninos está presente naquela rubrica a que JPP chama o Abrupto feito pelos seus leitores.
O próprio aspecto de um blog revela muito sobre o seu autor. No caso do Abrupto, JPP revela-se um puto egoista, mimado, quiçá cruel (além de ser desprovido de links e de caixa de comentários, a escolha da imagem do Sá de Miranda engaiolado é sintomática) mas que precisa tanto de brincar com outros meninos como de pão para a boca. Apesar de ser o gordo da turma, arrogante e malcriado, tem uma casa grande e com muitos brinquedos. O apelo que faz aqui e aqui para irmos todos à festa de aniversário do seu blog seria comovente não fosse o caso de raiar o absurdo.


Outro caso de fama assinalável é o Aviz. Mas este por razões diversas. O Aviz lembra-me sempre aquelas tias duplas, gordas e anafadas que aterravam lá em casa para lanchar aos Sábados à tarde. Digo duplas porque além de minhas tias e do meu irmão Jaime também o eram dos meus pais. Chegavam sempre com um ar cansado como o caralho, tiravam os casacos com grande esforço acompanhado pela emanação de aromas vários e afundavam-se nos sofás da sala com
suspiros profundos como pachachas suecas. Este era o sinal para o Jaime e eu acometermos, de forma subtil porém persistente, as suas enormes e bojudas carteiras. O que se encontrava por lá era assombroso.
O Aviz é assim. Tem uma das maiores colecções de links que já vi e de que me servi sem parcimónia como guia para os primeiros passos nas minhas deambulações pelo blogos cá do Reino. Por vezes, a própria postura do autor, pespegando-nos com um poema qualquer durante três quinze dias, como quem põe uma musiquinha no telefone enquanto vai cagar, tipo "Volto já", tem o seu quê de atençãozinha provinciana.
Há poucos meses, na sequência de uma mudança de layout, foi restituído por momentos, dias, aos seus leitores o acesso à caixa de comentários. Pura e breve distracção, de resto.

Depois há os blogs "políticos", que são como os blogs de futebol: eu sou de direita, tu és de esquerda, eu sou do Sporting, tu és da puta que te pariu. A capacidade de dissertar que estas bestas têm sobre um mundo cuja visão é condicionada pela auto-aplicação de antolhos estreitíssimos é deveras assombrosa. Quando a capacidade de argumentação das referidas alimárias se esgota em si mesma, procede-se ao arremesso mútuo de volumes culturais : cuidado, baixa a mona que vem aí uma citação do Karl Popper acompanhada de três reflexões do Aron. Espera aí que eu já lhe amando com uma colecção de citações do Sartre que o cabrão há-de ir para casa com os cornos a arder. Enfim.

14 comentários:

dragão disse...

Gostei, ó majestade!...
Vossa Mercê faz-se.

Anónimo disse...

Tem toda a razão já por várias vezes me deparei a ler a tais musiquinhas de que fala e que até hoje não entendo porque são escritas em blogs e fez de facto o comentário ideial do "Volto já" quando se vai à casa de banho... Não posso da mesma forma concordar com o que disse quanto aos blogs políticos... Sei que ser monárquico não tem nada a ver com política muito pelo contrário tão o sou e orgulho me imenso disso... mas a verdade é q também se afirma como o sendo... porque não poderão os outros afirmar as suas convicções!!! Estamos num país livre e se gostam de se afirmar ser de esquerda ou direita ou o que for asiim seja!

Anónimo disse...

O que queria dizer era que também o sou e orgulho me imenso disso e não tão o sou etc... foi um acto falhado peço desculpa....

Pedro F. Ferreira disse...

corrosivo qb. gostei.

MP disse...

AHAH :)
Gostei do Popper, Sartre et tal :))

Sergio Barroso disse...

A acutilância da forma salva um conteúdo demasiado rebarbativo. Só ainda não percebi porque raio, queres tu impor um template obrigatório a todos os blogs? O facto de ter links ou comentários, terá relevância? Quanto ao Abrupto, eu já expliquei uma vez a razão da sua fama. É porque é escrito pelo Pacheco Pereira. Simples. Eu tenho de reconhecer que temos a obrigação de conhecer melhor o Afonso Henriques ao Pacheco Pereira, mas tu estás um bocado ultrapassado. Já ninguém te liga. Deste porrada nos Mouros, o Freitas fez-te uma biografia e ficámos por aí. A ver pela forma como escreves deves ter dado cabo da cabeça à mouraria. Sempre atrás deles até Ourique. Sempre aos gritos. Voltem já aqui! Digam-me quem são os vossos links! Não me virem as costas, exijo ser ouvido!
Afonso, um abraço. Vai-te a eles, carago! Até os comemos!

Flávio disse...

Detesto o Aviz e o Abrupto porque pertencem àquela estirpe de blogues que são maus mas têm imensos visitantes só porque o autor é uma figura pública.

Afonso Henriques disse...

Ora bem. Vamos lá a aviar umas que a casa já está cheia. Comecemos p'lo Micróbio, assim a subir como o elevador:
Primo: Este Blog não se diz monárquico. Este Blog é Monárquico.
Secundo: Antes admirar o Rei da Selva que simpatizar com a galinha de Carnide.
Tertio: Eh pá, eu deixo divulgar o que quiseres; escrevo é do que me apetece, como me apetece e quando me apetece. Está bem?

whitesatin disse...

LoL! Magnífico! Corrosivo é muito brando.
Realmente, agora que fala nisso, aquele blog é mesmo só palha pra burros...acho que vou reconsiderar a sua (o abrupto, claro) existência no meu "cantinho"...hehe
Um beijinho pela irreverência :D

franka disse...

pois é
os blogs estão se especializando como os médicos
melhor escolher a nossa especialidade logo, não?
beijo!

Anónimo disse...

Apoiado, D. Afonso! :)))

Anónimo disse...

"procede-se ao arremesso mútuo de volumes culturais : cuidado, baixa a mona que vem aí uma citação do Karl Popper acompanhada de três reflexões do Aron."
Bingo! Brilhante.
Quanto ao resto, D.Afonso, parece-me que não são os próprios autores quem visita aqueles blogs. E não me parece que o Pacheco e o Chico Viegas tenham assim tantos amigos. O Murcon, por exemplo, nesta cousa das bajulações, é um caso porventura ainda mais flagrante de vacuidade promovida a sumidade.

dragão disse...

O Dragão é que induca, o Dodo é que instrói!...

janus disse...

Ando por aqui a cheirar. Gostei do que escreveste. E como és leão... Mas monárquico, isso talvez me impeça de te visitar mais vezes... é que tenho um filho chamado Mário... e o tio dele, monárquico, nem o quis conhecer, devido ao nome. Também escrevo e digo o que me apetece

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