terça-feira, julho 26, 2005

Monarquia ? Sim, por favor.







A quase candidatura de Mário Soares à presidência da República reflecte a falência do regime republicano em três frentes distintas: na sua
essência, no seu futuro e na sua credibilidade.

Na sua essência porque desde o 25 de Abril de 1974 e em todas as eleições presidenciais, todos os presidentes da república eleitos exerceram dois mandatos consecutivos única e simplesmente porque constitucionalmente não puderam exercer um terceiro. Não que isso não fosse um desejo legítimo dos eleitores. Se a lei o permitisse, o Chefe de Estado em Portugal, sendo um presidente da República, seria permanentemente re-eleito. Seria um quase Rei.
A permanência em funções de criaturas como Alberto João Jardim e a complacente condescendêndia para com as suas diatribes, acessos de arrogância e grosserias, concedendo-lhe assento permanente no Conselho de Estado reflecte bem que tipo de Estado é este.

No futuro porque um partido (PS) embora se reclame herdeiro do partido republicano, não consegue descortinar nas suas hostes ninguém ao nível de candidato a Chefe de Estado sem ser o seu próprio fundador. para os repblicanos do PS, ninguém está tão bem colocado para disputar umas presidenciais do que um presidente com dez anos consecutivos de exercício. Mesmo que tenha oitenta anos de idade. E depois logo se vê.
O outro partido (PSD) tem para oferecer como candidato o homem da regisconta. Os candidatos a chefe de Estado são apresentados como produtos de feira, elixires milagrosos, banha da cobra, só eles capazes de conduzir Portugal na senda do futuro. Seja ele qual for.

O regime republicano está ferido de morte na sua credibilidade porque ao querer promover junto do povo candidatos com provas dadas do que fizeram, não se livra de que esses mesmos candidatos também tenham provas dadas do que não fizeram, como por exemplo, a falta de empenho pessoal na criação de uma estratégia de combate aos incêndios à semelhança do que foi implementado há 12 anos na Andaluzia com provas mais que dadas e resultados exemplares. À semelhança, aliás, do que o actual presidente também não fez.
Ou, no caso do candidato do PSD, chefe de goveno por dez anos consecutivos, a falta de coragem para avançar com profundas reformas internas, desde a administração pública, à revisão da lei do arrendamento, contribuindo assim para o descalabro e o caos urbanístico nas periferias das grandes cidades, obrigando gerações e gerações de portugueses a endividarem-se para com os bancos, verdadeiros senhorios incontestados, pagando rendas astronómicas por apartamentos que serão seus ao fim de trinta anos.

A partidocracia republicana vigente, herança dos republicanos do início do século passado que suprimiram os círculos uninominais criados no tempo de Fontes Pereira de Melo, na segunda metade do sec. XIX, que fomenta a eleição para a Assembleia da República de deputados que nem sequer conhecem o seu próprio círculo eleitoral, quanto mais os seus eleitores, é o expoente máximo de um regime em que os interesses corporativos e o compadrio descarado entre meia dúzia de senhores feudais se sobrepõe descaradamente ao interesse do país.

Em conclusão, refira-se que a noção de património se encontra definitivamente arredada do modus operandi do regime republicano. Seja esse património de origem natural ( florestal, hídrico e marítimo) ou edificado (pontes, estradas, monumentos ,etc.,). O que ainda existe é para ser negligenciado, saqueado ou negociado. A complacência do poder republicano para com a praga cíclica e anual dos incêndios e a sua promoção a fenómeno "meteorológico" sazonal, previsível e inevitável é um insulto à inteligência de todos os portugueses. Quando os pelouros da RAN e da REN forem definitivamente depostos nas mãos dos caciques autárquicos, que promoverão a sua rápida delapidação e substituição por monstros de betão, será tarde.
A regionalização que não foi conseguida com o referendo será obtida pelo fogo.



7 comentários:

Anónimo disse...

Tenho para mim que não é a República. É o regime constitucional. Transforme-se um reino em património do rei e ele que o tome como coisa sua, assim como cada indivíduo toma para si os seus bens. E deixemos que o reino seja um bem hereditário. Aposto que cada herdeiro o há-de receber acrescentado em riqueza. Os dois últimos que perceberam isso, um foi covardemente abatido; o outro ensombram-lhe a memória e, morrendo sem herdeiro, apropriam-se-lhe ignobilmente da obra. A piolheira ascendeu ao poder e tem por conselheiro um saco aos sábados. Julga que governar uma casa e entregá-la ao alheio e faz escritura disso. Depois dos entreguistas de 75 assinarem alegremente a rendição em 86, sobra o 'finis patriae'.

Pedro Martins disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

MANIFESTO CONTRA O TGV E O AEROPORTO DA OTA

Portugal vive hoje uma das piores crises económicas dos últimos 30 anos! A economia está a recuar e a taxa de desemprego oficial (7.5%) esconde ainda, muitos mais trabalhadores no desemprego!(550mil) As fábricas, deslocalizam-se impunemente para países onde a mão de obra é mais barata e os trabalhadores portugueses, defronte das opções restantes (fome ou escravidão assalariada), emigram também eles em busca de melhores condições de vida!
Mas aqui há responsabilidades atribuídas! Os sucessivos governos PS, PSD e também CDS/PP tem culpas no cartório! As erradas opções governamentativas que se tomaram ao longo dos anos, contribuíram largamente para a precarização do trabalho e a destruição do sistema produtivo nacional! Em prol e ordem das directivas europeias, cada vez produzimos menos e cada vez mais a riqueza do nosso país decai!
Contrariando todas as expectativas, nas quais declinavam a hipótese deste conselho de ministros ser menos eficiente e produtivo que o anterior. Iniciou o mandato, abriu a desgraça! O governo de Sócrates, avançou desde logo com o aumento do IVA quebrando assim uma promessa eleitoral. Não revogou o código de trabalho (medida ansiosamente esperada) e ainda retirou inúmeros direitos à função pública. Direitos estes, conquistados com muitas lutas e que serviam de referência para futuras metas do sistema privado!
Noutro tom, mas com o mesmo objectivo, Sócrates apresentou a nova "teoria da tanga", reformulada e em diversos actos. Continuando a obsessiva fixação pelo défice, apelou ao povo português, para uma vez mais "apertar o cinto e compreender a situação”: a grave crise que o país está a atravessar!
E quando todo o discurso estava assente na máxima: "É preciso reduzir a receita e aumentar a produtividade", eis que é apresentado o plano prioritário de investimentos, onde figuram estes dois projectos megalómanos:
- TGV
- Aeroporto da OTA
Não se trata de um investimento na produção, inovação ou no combate ao desemprego! São dois projectos ligados aos transportes, de milhares de milhões de euros, completamente dispensáveis em qualquer altura, ainda mais em tempo de crise!

Protesta contra esta hipocrisia!

Apela à defesa do sistema produtivo nacional!

Luta por mais direitos sociais!

SUBSCREVE ESTE MANIFESTO!

http://contratgveota.pt.vu

Anónimo disse...

Foi afirmado aqui que:

"A quase candidatura de Mário Soares à presidência da República reflecte a falência do regime republicano em três frentes distintas: na sua essência, no seu futuro e na sua credibilidade.

Na sua essência porque desde o 25 de Abril de 1974 e em todas as eleições presidenciais, todos os presidentes da república eleitos exerceram dois mandatos consecutivos única e simplesmente porque constitucionalmente não puderam exercer um terceiro. Não que isso não fosse um desejo legítimo dos eleitores. Se a lei o permitisse, o Chefe de Estado em Portugal, sendo um presidente da República, seria permanentemente re-eleito. Seria um quase Rei."

Então devo supor, por esta ordem de pensamentos, que o senhor Afonso Henriques critica a escolha LIVRE dos portugueses no que toca a Presidentes da Républica e a sua insistência nas mesmas pessoas para este cargo.

Logo está a afirmar que regime republicano, que considera falido e que constantemente critica aqui, está a funcionar quase como uma monarquia.

Então devo supor que considere que monarquia, seja portanto um sistema também falido...

Quanto ao Senhor Alberto João, não será ele um pequeno monarca na Madeira?

O povo madeirense acredita nele como um salvador e um simbolo da terra (como defendido pelo monarcas portugueses, que afirmam que Portugal necessita de um simbolo em que acreditem, não um presidente mas um Rei), está no poder à quase uma vida (tal como um Rei), e ninguem o consegue tirar de lá (tal como um Rei).
Se calhar a diferença não é assim tão grande...

Dai se calhar, a diferença entre um ditador e um rei não s

Afonso Henriques disse...

1. Eu não critico a escolha LIVRE de ninguém de maneira nenhuma.
Quem condena a liberdade de escolha é a Constituição Portuguesa republicana que não admite outro regime para Portugal que não seja o republicano.
Tenho é que reconhecer que o povo português é, na sua essência, monárquico, ao pretender a continuidade em funções do Chefe de Estado.

2. O regime republicano em Portugal não está a funcionar como uma monarquia.
A monarquia não se resume ao Rei. É muito mais que isso. É toda uma diferente atitude para com a gestão do património, da "coisa pública" que a república não tem conseguido fazer.

3. Confundir Reis com caciques ou ditadores é fruto da mais básica propaganda republicana. É muito mais comum encontrar esses espécimens em Estados republicanos do que em monarquias. Veja, precisamente, o caso de Alberto João Jardim.
As monarquias europeias são democracias exemplares. Veja onde se encontravam portugal e Espanha em 1975 e reconheça a diferença de percurso de um e de outro até 2005.

Afonso Henriques disse...

Errata: Leia-se "Portugal e Espanha" e não "portugal e Espanha".

Anónimo disse...

O problema do povo português não reside na república versus a monarquia. Franco conseguiu expurgar a Espanha de comunistas e anarquistas, Portugal por sua vez nunca o fez, de este modo somos mais comparáveis com os países de leste que recentemente ganharam a sua independência das garras soviéticas do que propriamente com qualquer outro país chamado Europeu.

- El Lusitano

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