Face à iminência de falência total do regime partidocrático republicano, surge a ideia peregrina do PS de avançar com uma proposta que visa a criação de círculos eleitorais uninominais. Sendo a melhor forma de abortar processos de reformas em Portugal controlar o processo do seu desenvolvimento desde o início, do seu anúncio à sua concretização, esta iniciativa é contranatura por partir dos que se auto reclamam herdeiros do republicanismo puro e duro de 1910, este sim, responsável pela extinção dos círculos uninominais criados na 2ª metade do século XIX, no tempo em que o General António Maria Fontes Pereira de Melo era Ministro da Fazenda.
Esta ideia do PS é tão contranatura como, nos anos 80, a criação do Partido Ecologista "Os Verdes" pelo PCP, filiado da URSS onde na altura agonizava um regime que fez da indústria extractiva e transformadora o baluarte de um desenvolvimento a todo o preço que tinha tanto de ecologia como água tem o deserto. Ao criar essa melancia chamada PEV, o PCP retirou espaço de manobra a qualquer outro tipo de grupo ou associação que, emergindo, se reclamasse da ecologia procurando afirmar-se no espectro político de então.
Só o PPM já moribundo na altura se reclamava, e bem, como partido ecologista.
Controlando o processo da criação de círculos uninominais, o PS tudo fará para que as regalias e benesses conseguidas para a nomenklatura partidocrática em pouco ou nada sejam atingidas, puxando para uma regionalização que, embora negada em referendo, se avizinha cada vez mais como reforma inevitável. Um dos argumentos que se farão ouvir na rentrée será o da falência do actual regime de ordenamento do território (leia-se RAN e REN) "provada à saciedade pela calamidade anual dos incêndios", dirão.
A criação dos círculos uninominais mais não será do que a redacção legislativa das regras da regionalização que se avizinha.
terça-feira, agosto 16, 2005
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