Os blogs são um fenómeno curioso. Não falo de blogues, porque não passam de tentativas de complicar o que já de si é difícil de entender. O aportuguesamento serôdio de certas palavras como (blog – blogue), com medo que a boa língua pátria se fine como o latim e o grego (imagine-se! chamar língua morta à falada pelos actuais campeões europeus de futebol....grrr..) revela apenas o quão encasquetada está a opção de complicar, na burocrática, mítrica (e quiçá encuzada) forma de pensar da intelectualidade nacional.
Mantendo intacta a raiz da palavra, enxertam-lhe com um u a preceito não vá aparecer por aí alguma filoxera da escrita. Outras vezes, algumas iluminárias literárias, em arremedos anglófilos e imbuídas de Shakespeare das virilhas aos sovacos, acrescentam apóstrofos e ss no fim de palavras inglesas, como quem distribui moedas de cobre aos indigentes, julgando com isso pô-las no plural. Peasants.
Os jornais, esses então, são seara abundante em tais cereais. Ou horta rica em tais nabices. Ou eira farta de tais espigas. Ou....ok ...adiante.
Mas, dizia eu, os blogs são uma homenagem permanente a uma coisa a que nos voltámos a habituar rápidamente há, relativamente, pouco tempo : Liberdade de expressão.
Contráriamente ao que toda a gente pensa, não foi o 25-de-abril-de-1974 que trouxe isso a esta terra. Naaaa. Em 4 de Outubro de 1910, a censura não passava de uma promessa republicana. Cumprida de imediato após a Proclamação do dia seguinte.
Agora a sério. Eu, com quase 900 anos de existência, nunca pensei que a terra por que lutei e que para tal instruí meus descendentes, se viesse a tornar neste curral de bestas mansas que, daqui a nada, estão mortinhas por se tornarem mais uma província castelhana. Soubesse eu isso e vos garanto que do regaço da Raínha Santa não teriam saltado rosas, mas garrafas de bom tinto alentejano. Palavra de Rei.
4 comentários:
Já agora, ò fundador, as palavras com a terminação "mente" - como rapidamente - não levam acento.
Benvindo ao meu terreiro, ó Gaspar! É com grande satisfação que registo tão felina visita.
Todavia tempos houve em que, não era considerado erro a utilização de um acento agudo em palavras como rápidamente.
eh eh eh
"...curral de bestas mansas..." Muitíssimo bem descrito! LOL
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