(...) A área total ardida naquela região espanhola (50.617 hectares - Andaluzia) durante todo este período (1995-2003) chega a ser inferior àquela que se perdeu em Portugal em menos de 24h de alguns dos dias de Agosto do ano passado. (2003) (...)
(...) Ou então que seja o luso fadário o responsável pelos fogos terem varrido, desde 1995, uma área equivalente a 15 por cento do território português, enquanto na Andaluzia essa cifra não atingiu sequer os 0,6 por cento.(...)
(...) Em 1991, perante um balanço final “catastrófico”, a Junta da Andaluzia decidiu acabar com a dispersão de competência e o amadorismo da gestão florestal.(...)
(...) naquele ano arderam na Andaluzia somente 65 mil hectares - ou seja, cerca de um terço daquilo que foi dizimado, nesse período, no nosso país. (...)
(...) medidas drásticas. A primeira foi centralizar toda a gestão florestal – desde a prevenção até ao combate, passando pela vigilância – para uma única e nova entidade : a Consejería do Medio Ambiente, a entidade homóloga do Ministério do Ambiente português. (...)
(Em Portugal) (...)Depois de, no ano passado (2003) terem ardido 480 mil hectares, à dispersão nacional que já existia, juntou-se ainda a criação da Agência de Prevenção dos Incêndios Florestais, as Comissões Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios e o Conselho Nacional e Comissões Regionais das Áreas Ardidas.(...)
(...)“Ter poucos focos de incêndio e que sejam atacados rapidamente, de modo a que os fogachos não se transformem em grandes fogos. Para isso apostamos numa boa gestão preventiva, numa vigilância apertada e numa intervenção rápida nos primeiros minutos, com meios adequados”(...)
(...) Enquanto em Portugal são os autotanques e a água que são os meios de combate – por vezes demorando mais de meia hora a chegar ao local-, na Andaluzia são as moto-serras, as enxadas, os machados e outros utensílios, que diríamos agrícolas, os instrumentos mais usados na primeira fase de combate pelas brigadas de extinção.(...)
(...) O equipamento de protecção é um “detalhe” minuciosamente controlado: cada membro da brigada tem de estar vestido com roupa protectora, óculos e máscara com filtro especial anti-partículas, não esquecendo água para beber e um pequeno kit de primeiros socorros.(...)
(...) Na Andaluzia não há espaço para voluntarismos nem desvarios. “Os bombeiros portugueses são loucos”, diz Carlos Rey, quando lhe pedimos opinião sobre o facto de em Portugal ser habitual os nossos “heróis” irem para a frente de combate sem máscaras nem equipamewnto térmico, por vezes de manga curta. (...)
(...) nos casos mais bicudos ou em focos de incêndio de difícil acesso, o Plano Infoca conta com quatro brigadas de reforço de elite – as BRICA -, cada uma constituída por 11 elementos escolhidos de entre os melhores especialistas em extinção. Estes elementos têm profundos conhecimentos em tácticas de cartografia, sobrevivência, estratégia e combate – como, por exmplo, a colocação de “bombas de extinção” e de execução de contrafogos além de uma forte preparação física. (...)
(...) Para isso, os treinos são diários e acompanhados por um preparador físico. (...)
(...) No meio desta azáfama, há também tempo para a descontracção, mas sem bebidas alcoólicas à mistura nem ausências para o café mais próximo. (...)
(...) Observando uma simulação das técnicas de combate destes homens – durante os dias em que a GR esteve na Andaluzia não houve incêndios, apesar de alguns períodos de intenso calor -, facilmente se constata que por mais heróicos que sejam os nossos bombeiros, eles estão a “anos-luz” da eficácia e preparação técnica e física dos “bombeiros” andaluzes. (...)
(...) no Plano Infoca não se querem actos heróicos, por isso, e só em situações excepcionais se chegam às 14 horas ininterruptas de combate, (...)
(...) tudo isto só é possível porque o sistema é profissional, bem organizado e relativamente bem pago para os padrões nacionais. O salário mais baixo – por exemplo, de um vigilante – ronda os 800 euros por mês,
(...) remuneração de um elemento de brigada BRICA ascende aos 1200 euros e a dos outros “bombeiros” pouco menos (...)
(...) a Junta da Andaluzia está preocupada com a “ovelha negra” da sua floresta: o eucalipto. “As importações da América do Sul tiraram a rentabilidade económica dos eucaliptais que estão a ser abandonados e que estão a transformar-se num autêntico barril de pólvora” (...)
(...) as intervenções em caso de incêndio são parcialmente pagas pelos proprietários afectados, independentemente da causa e início dos incêndios. Por exemplo, num incêndio maior do que mil hectares, essa taxa – que será paga de modo proporcional pelos proprietários, o que implica um cadastro actualizado, aspecto que em Portugal não existe – pode atingir um máximo de 12 mil euros. Mesmo que seja apenas um fogacho, o proprietário terá de arcar com uma factura de 120 euros.(...)
Contra factos não há argumentos. Só a estupidez, a teimosia e a aldrabice.
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3 comentários:
Portugal Portugal, maior fora mais me surprenderia...
Nos maços de cigarros não deviam escrever "Fumar na Mata" os resultados estãoà vista...
E eu digo mais, contra factos não há sobretudos!
Parabéns pelo teu blogue, está muito bom !
Consulta o meu top, estás no top-ten.
http://paracabardevezcacultura.blogspot.com/
A questão de base dos incêndios em Portugal não está na remuneração dos bombeiros, ao teus dados haveria que acrescentar a publicação da Lei espanhola de proibição de construção em terrenos queimados, a proibição de fazer fogueiras ou queimadas em junto a zonas florestais, como também campanhas publicitarias para sensibilizar os automobilistas do perigo de atirar cigarros para fora da janela.
Tal como na saúde o truque está na prevenção e não no tratamento.
- El Lusitano
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