quarta-feira, janeiro 04, 2006

O Fim Da República

Quando os governos em Portugal, de direita ou de esquerda, apregoam medidas e iniciativas que consideram excelentes e adoptam posições de crítica relativamente às mesmas matérias quando os partidos a que pertencem se encontram na oposição, reflectem a caducidade do regime em que estão inseridos: a República. À preocupação com o país sobrepõe-se a estratégia partidária da conquista do poder. Veja-se o caso do TGV/OTA e as posições do PS e do PSD.
Ainda por cima, a questão estratégica da OTA/TGV, quando analisada à luz da região Ibérica, faz todo um sentido que, sob o ponto de vista estritamente português, é quase um absurdo. Por exemplo: para quê fazer uma ligação Lisboa-Porto por TGV e ao mesmo tempo desencadear a construção de um novo mega-aeroporto? Um deles ficará, decerto, com menos passageiros.
Se o objectivo do regime em vigor em Portugal é promover a criação de vias de comunicação que benefeciarão em primeiro lugar a estratégia expansionista económica da vizinha Espanha, então esse regime, a República, não serve Portugal.

A questão da ingerência estratégicamente promovida da Iberdrola na EDP através da criação de um Conselho Consultivo em que a eléctrica espanhola (e concorrente assumida) terá assento permanente e acesso contínuo a informação priveligiada é puro inside trading, razando o incesto.
Se o regime em vigor em Portugal a República, está na disposição de alienar de barato o poder de decisão em empresas tão estratégicas como o são a GALP e a EDP, é porque não serve Portugal.

O Partido Socialista propõe que sejam atribuídas isenções fiscais às doações a partidos políticos.
Se o partido no poder está na disposição de facultar incentivos fiscais às doações a partidos políticos cortando essas mesmas isenções ao esforço de poupança de cada cidadão (caso dos PPR) e os partidos na oposição pactuarem pelo silêncio com essa estratégia de angariação de fundos, o regime em que estão inseridos, a República, não serve Portugal.

O cansaço dos portugueses, mais do que tudo, contribuirá para que Cavaco Silva venha a ser o próximo Presidente da República. Sem esforço, consegue pôr todos os outros candidatos no mesmo saco sem fazer nada para isso. Basta abrir a boca e assistir às reacções de todos os outros, unidos contra ele.
Mesmo, e sobretudo, quando afirma não ter o apoio de partidos políticos. O povo simples é assim. Gosta de ser enganado.

Publicado em O Eleito

6 comentários:

Anónimo disse...

O prof. Marcello falou em entreguistas; parece que tinha razão. Cumpts.

M.B. disse...

Caro Fundador, você não quer apenas uma monarquia, mas uma monarquia totalitarista. Um Rei não teria mais poderes do que o actual Presidente da República, ou na sua monarquia deveria tê-los. No entanto deverei recordar que o nosso rei (se o fosse) defendia (por alturas do início da crise de Timor, quando ainda se faziam viagens de paquetes cheios de gente conhecida para apelar à causa) que se ele detivesse o poder mandaria os paraquedistas Portugueses invadir o território. Acho que até Mário Soares com todos os seus 81 anos fará um melhor trabalho na Presidência da República, do que aquele que gostaria de ser Rei e brincar aos soldadinhos de chumbo.

Afonso Henriques disse...

Caro Gato Gaspar, ou o caro gato não sabe ler, ou possui rudimentos de leitura automática mas sem capacidade de compreensão, ou está a gozar.
Reduzir a questão República-Monarquia à figura do Rei-e-seus-poderes vs Presidente-e-seus-poderes é pungentemente redutor.Traduz ignorância e irreflexão.
Totalitário é um regime que hipócritamente se afirma democrático mas que, na sua Constituição, proíbe qualquer outra forma de regime que não a República. Estamos entendidos?
Um Bom Ano pra si também!
Cumprimentos

M.B. disse...

Renhau. Os gatos é que costumam ter garras, mas você, caro fundador, foi quem as mostrou nesta resposta.
Um bom ano para si.

Afonso Henriques disse...

É pá, não gramo que me chamem totalitário.
É uma coisa que me chateia.
No hard feelings.

M.B. disse...

Também há muitas coisas que me chateiam na vida, meu caro, mas eu não saio a disparar...

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